Transcrição do vídeo
A mãe do meu aluno do liceu suicidou-se. Como professora, não sei o que dizer. Ainda bem que faz a pergunta, porque, por vezes, não são as nossas palavras, mas sim o que não dizemos. E o que quero dizer com isto é que, por vezes, pensamos que temos de dizer algo da forma correta. Por vezes é apenas a nossa presença. Por vezes é apenas uma simples mensagem de: "Olá, estou a pensar em ti. Soube o que aconteceu e quero que saibas que estou a pensar em ti. Se alguma vez quiseres falar, adoraria apoiar-te e ajudar-te de todas as formas possíveis. Este seria apenas um exemplo de algo que poderia dizer. Obviamente, tem de ser na sua língua, mas em situações como esta, o facto de estar a fazer a pergunta diz-me quem é como professor. Preocupa-se com os seus alunos, quer ajudá-los. Por isso, às vezes pode ser uma mensagem, às vezes é um convite para falar depois da aula, se eles estiverem dispostos a fazê-lo, se tiverem esse tipo de relação, abrindo, deixando-os abrir-se e saber que é um lugar seguro onde podem falar. E também reconhecer que eles podem não querer falar e que, por vezes, têm de resolver as coisas ao seu ritmo. É por isso que lhes damos a liberdade de dizer: "Se quiseres falar, eu estou aqui. E, e apenas observar como se estão a sair na aula. E todas essas coisas seriam uma forma de os ajudar. Também posso dizer que toda a turma pode dar apoio a esse aluno. Pode convidar toda a gente da turma a escrever uma nota de carinho, uma nota, se estiver a pensar em si, uma nota amável, porque não sabe como as pessoas reagem, certo? Podemos ter a perceção de que as pessoas não me compreendem ou que me estão a julgar. Mas se toda a gente se dispusesse a escrever uma nota de preocupação e carinho, isso seria uma forma muito valiosa de servir e dar a essa pessoa. Deixando-a saber que todos se preocupam com ela. Agora, talvez seja necessário monitorizar isso para garantir que não são ditas coisas inapropriadas, certo? Então, eles entregam-lhe as notas. Mas, mais uma vez, é só certificar-se de que existe uma bondade, uma proximidade e encorajá-los a escrever todos, seria bom que toda a turma escrevesse uma nota carinhosa. Mais uma vez, isso não é necessário. Não tem de acontecer. Mas quando alguém na nossa sociedade está a sofrer, temos a oportunidade de nos elevarmos, de nos fortalecermos, e é isso que vos ouço dizer que gostariam de fazer. Por isso, o meu convite é que encontrem uma forma de conseguir que outras pessoas que se preocupam genuinamente ofereçam esse tipo de apoio emocional. Isso ajudará a criança a sentir que não está sozinha. Como se não tivesse esta, não sei, talvez esta carta sobre ela, que toda a gente está a olhar para ela a pensar, oh, tu és assim e assim, certo? E penso que esse tipo de amor e de ligação pode fazer toda a diferença no mundo.